Impactos econômicos globais e possibilidade do fim do conflito em 2024 foram alguns dos cenários apresentados pelos especialistas
Na tarde da última terça-feira (20), a Fecomércio-GO sediou o painel “Perspectivas para 2024: guerras, eleições e seus impactos no comércio exterior”, que reuniu especialistas em relações e políticas internacionais para discutirem sobre o cenário político internacional e suas consequências para as dinâmicas do comércio exterior. No terceiro painel, mediado pelo diretor da Fecomex, Câmara de Comércio Exterior da Fecomércio-GO, foram ouvidos os professores Paulo Henrique Farias Nunes e Giovanni Okado, que discorreram sobre o tema “A guerra entre Rússia e Ucrânia e seus impactos na economia global”.
Em sua participação, Paulo Henrique Faria Nunes, renomado especialista em Ciências Públicas e Sociais, com doutorado pela Université de Liège, na Bélgica, apresentou uma análise da situação atual a partir de uma linha do tempo com os principais acontecimentos naquela região, desde 1991. Ao lembrar que a Rússia é a sexta economia global e que, por isso, tudo o que acontece naquele país interessa ao mundo inteiro, Paulo Henrique também explicou um pouco da dinâmica do governo ucraniano que, segundo ele, tem praticado uma política com movimentos pendulares, desde a sua independência, ao eleger governantes ora pró-Ocidente, ora pró-Rússia, acentuando, ainda mais, a instabilidade na região. Sobre os impactos econômicos do conflito, o professor, que também é advogado, lembrou do aumento de preço, e até mesmo a suspensão no fornecimento, de produtos como petróleo e gás, além das questões logísticas que sofreram impactos com o fechamento do espeço aéreo russo ou do trânsito no mar Vermelho, as fortes sanções internacionais sofridas pela Rússia e o modo diferente como cada uma das duas nações impacta na economia global. Outro aspecto das consequências econômicas do conflito entre Rússia e Ucrânia, na visão de Paulo Fernando, foi o acirramento da disputa monetária entre EUA e China, com o ampliação do espaço do Yuan como moeda nas transações comerciais internacionais.
Na participação do mestre em Relações Internacionais, Giovani Okado, abordou-se a possibilidade do fim da guerra, com um desfecho desfavorável para a Ucrânia – que deve perder uma parte de seu território, e quais motivações poderiam conduzir a esse cenário. Entre os pontos apontados estão o esgotamento da ajuda militar dos países ocidentais, aliado ao fracasso da estratégia norte-americana, em conjunto com os demais países ocidentais, de apostar num possível enfraquecimento do presidente russo, Vladimir Putin, que não apenas não se enfraqueceu, como dá sinais de sair fortalecido do conflito, que completa dois ano em 24 de fevereiro. Outros pontos motivadores para o fim do conflito são as eleições que devem acontecer em boa parte do mundo, forçando as nações a se voltarem para suas questões internas, o fortalecimento do poderia militar da Rússia, que possivelmente está desenvolvendo uma arma militar espacial, as instabilidades e tensões geopolíticas atuais e os custos econômicos, no curto e médio prazos, do conflito. Sobre os impactos na economia global, Giovanni mencionou as adversidades da conjuntura econômica internacional, a elevada interdependência econômica global, os desafios à segurança energética e à descarbonização da economia e as incertezas econômicas em meio a perspectivas de conflitos armados.